sexta-feira, 15 de julho de 2011

Defender a Amazônia



Como disse o autor João Cabral de Melo Neto “é difícil defendera a vida só com palavras” A Amazônia é vida, defende-la só com palavras é muito difícil, temos que vivê-la, para isso temos que conhecê-la, é um universo enorme, um universo cruel, um universo belo, um universo calmo, um universo em transformação física e cultural, um universo rico, que enriquece e empobrece, edifica e destrói a Amazônia não é poética é real temos que decifrá-la e conviver com ela ou simplesmente montá-la em um rodeio suicida em que no momento em que ela sucumbir nos arrastará juntos, não podemos mostrar os dentes a cada Serra Pelada que surgir ou a cada medicamento descoberto como a pilocarpina extraída do jamborandi é como se ela, a Amazônia, fosse um imenso animal cabeludo de onde extraímos um pequeno piolho, ou quem sabe nos sejamos os piolhos que quando sugamos o animal sem sermos incomodados festejamos. O problema a ser enfrentado, é que o capital tem que saber como sugar ou vamos matar o animal e como já falei morreremos juntos. Em alguns lugares da Amazônia festejamos o absurdo, a desgraça, a falta de saúde, a falta de educação a falta de valorização da vida. Se manter neste universo só é possível aos destemidos, aos proscritos, aos sem opção, aos apaixonados e aos absolutamente nativos, aqueles que como os animais se forem retirados do habitat irão morrer de alguma forma. Tudo o que se sabe sobre a Amazônia é pouco para decifrá-la, o rio que corta esta floresta interage com ela em uma simbiose perfeita em que a sorte de um se refletira na sorte do outro. O rio e a salvação da floresta e também o acesso para o homem e sua fome de transformação, este imenso laboratório tem que ser estudado, entendido e explorado, aos moldes das florestas canadenses exploradas a séculos e continuam preservadas criam-se leis as quais nos os amazônidas não entendemos, criam-se reservas que não funcionam, em alguns casos condenando os nativos a agir no anonimato como criminosos foras da lei, é um absurdo, aquilo que o Brasil não entende rotula e fecha “ temos que preservar” e pronto. “Vamos sentar em cima do tesouro para aproveitarmos no futuro” e o povo pergunta quando será esse futuro? Na Amazônia como em qualquer lugar do mundo temos uma necessidade imediata, precisamos comer, se para isso vamos matar uma tartaruga de 100 anos ou derrubar uma arvore de 50 é só um detalhe, por isso precisamos de alternativas. A cobertura vegetal é uma alternativa de preservação, temos que manejar, domesticar, plantar e colher ou vamos ficar a mercê das monoculturas desenvolvidas fora do Brasil e que são responsável pelo desmatamento e degradação, como a palma e a soja, a soja, diga-se de passagem, aos poucos começa a se instalar as margens dos rios Tapajós e Xingu, vamos dar o golpe de misericórdia na floresta, sinto-me como se fosse o burro que deixa de comer o milho para comer as suas próprias fezes, com a diversidade de oleaginosas que temos nesta floresta que podem ser domesticadas e consorciadas plantar palma e soja é um absurdo, com praticas monoculturais como esta instalamos a miséria, aproveitando mão de obra barata, e tiramos a dignidade dos povos da floresta que nela vivem que passarão a viver em bolsões de miséria que se formam no entorno destes grandes projetos. Precisamos então dar voz aos povos da floresta não para pedirmos nada, mas sim para nos comunicarmos criar formas de comercialização das riquezas da floresta, não por modismos, mas sim por questões técnicas que são levantadas desde o inicio da ocupação da Amazonia a 400 anos atrás, pelas instituições de pesquisa e ensino brasileiras, ou não, precisamos de ação, para viabilizar economicamente a pesquisa, mostrar que podemos ser uma opção de desenvolvimento sem devastação. Sem paixão, sendo extremamente técnico, temos condições de resolver problemas energéticos do mundo, para isso temos que nos adaptarmos a forma de viver de um povo que esta na contramão do capitalismo, a fartura da floresta em determinados momentos nos faz crer que podemos viver indefinidamente do extrativismo ou da cultura de subsistência. Este povo, que tem uma forma alternativa de viver, vai ser aniquilado empurrado para o precipício da cultura urbana, por qualquer pratica mono cultural que vier a ser implantada na Amazônia, da soja ao capim para pasto. Devastamos hoje o que nem conhecemos, os espécimes que surgem na mídia mundiais como alternativas de sustentabilidade escorregam por entre os nossos dedos e são aproveitados em outras partes do Brasil e do mundo graças a ação que alguns grupos econômicos que viabilizam a produção melhoram geneticamente o espécime, mecanizam e aumentam a produtividade e ganham dinheiro sem que nada deste lucro retorne para a floresta, não gosto desta tal “ partição de benefícios” não precisamos de esmola precisamos gerar demanda para os produtos extrativistas para que possamos passar para o segundo momento que é a domesticação dos espécimes, popularizar produtos de grande potencial que a floresta tem, gerar trabalho, dignidade e de sobra preservar a floresta, este é o meu lema pessoal, aproveitar para preservar, ou vamos aproveitar para preservar ou vamos simplesmente ver a floresta ser transformada pelos grandes projetos perder a sua forma original e talvez a chance de resolver vários problemas da humanidade.
Para gerar demanda para produtos extrativistas temos que começar a perguntar para as indústrias que dizem que fazem a preservação da floresta quanto utilizam de produtos florestais em suas formulações, compra 200 quilos de copaíba e utilizar durante um ano, colocando 0,5% de copaíba no produto final não gera demanda. Temos que qualificar os povos da floresta, trocar informações com estes povos de grande sabedoria tradicional, registrar, socializar informações com o mundo todo, e cobrar por isso. Enquanto continuarmos “sentados em cima do pote” a “sangria” de conhecimento será mais danoso por que será clandestina, será marginal, trocaremos ouro por apito, contrabandeado em potes de alimentos e cosméticos, no exterior serão aproveitados, explorados em outros cantos do planeta sem que tenhamos sequer conhecimento e possamos aproveitar em função do melhoramento da qualidade de vida do povo da floresta. Não tenho a pretensão de sonhar a casa de um caboclo a beira de um rio com a parafernália tecnológica de uma casa urbana, mas pelo menos ter acesso a saneamento básico, saúde e educação de qualidade alimento na floresta para nos abunda e pode até ser s a solução para questões de abastecimento alimentar nos centros urbanos.

sábado, 9 de julho de 2011

Florestas são fonte de 200 mil famílias que vivem do extrativismo na Amazônia

(Foto Luiz Morais - Compra de Semente de Andiroba Salvaterra Ilha do Marajó Pará)
Nos do Curupira da Amazônia/ Amazon Velas nos inserimos perfeitamente nesta realidade, procuramos "aproveitar para preservar".
Parabens pela excelente matéria Sra Akemi Nitahara.
Precisamos incentivar esta pratica, preservar não é mais uma tendencia é uma necessidade, e só se faz isso com alternativas reais para os povos da floresta, temos que aumentar a demanda para aumentarmos renda destas pessoas e catequisar novos seguidores para esta forma de preservação.
Vejam a reportagem.

2011Florestas são fonte de 200 mil famílias que vivem do extrativismo na Amazônia

clipping

As florestas são a fonte de pelo menos 200 mil famílias que vivem do extrativismo só na Amazônia. Entre os produtos oferecidos pela floresta estão o pescado, a castanha, óleos vegetais, fibras, açaí, pequenos artefatos de madeira e a borracha da seringueira. Em outros biomas, como o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica, também há extrativismo e os produtos advindos da atividade podem ser o pequi, no Centro-Oeste, ou o caranguejo, no litoral.

Célia Regina das Neves, que vive na Reserva Extrativista Mãe Grande, em Curuçá, no Pará, cobra que as políticas públicas para quem vive na floresta sejam diferentes das que são feitas para as cidades. “Para quem está na floresta, ela [política pública] tem que reconhecer isso. Tem muita demanda , desde a questão da produção, da família em si, da organização comunitária, da convivência com os recursos naturais e, principalmente, da regularização fundiária, do ordenamento ambiental”.

O presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Manoel Silva da Cunha, aponta a questão fundiária como o principal problema enfrentado por essas comunidades, que tiveram o incentivo para migrar do Nordeste, na época do ciclo da borracha, e acabaram ocupando terras que já tinham dono.

“Até hoje esse processo ainda permanece. Inclusive nas reservas extrativistas onde há um decreto do governo federal ou dos governos estaduais determinando aquelas áreas como unidades de conservação de uso, mesmo assim o problema da regularização não está resolvido”, diz Cunha.

Segundo ele, o modelo de desenvolvimento da Amazônia foi baseado no Sul e Sudeste, o que mostra que falta assistência especializada para melhorar a produção extrativista. “É muito fácil você conseguir assistência técnica para derrubar um hectare de floresta, plantar mandioca, mas quando você quer melhorar a sua extração do açaí, sua coleta de castanha, a gente encontra dificuldade, não tem ninguém dentro dos órgãos habilitado pra isso”. Cunha aponta também a falta de crédito para o extrativista.

De acordo com o diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros, o governo tem atuado para estimular as relações harmoniosas dos povos com a floresta, com projetos como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Florestal. “A política de apoio aos produtos da sociobiodiversidade, tanto no que tange à agregação de valor aos produtos, como à garantia de preço mínimo, o auxílio à inserção desses produtos em uma realidade de mercado mais favorável, tudo isso tem surtido resultados bastante interessantes”, avalia Medeiros.

O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Antônio Carlos Hummel, explica que o trabalho do órgão tem sido o de mostrar que conservar a floresta para a exploração gera renda. “Com o desenvolvimento dessas técnicas de manejo florestal, a gente está mostrando que a floresta em pé coloca dinheiro no bolso do comunitário, na mão do empresário de forma sustentável e não ilegal”.

No Plano Brasil Sem Miséria, lançado pelo governo federal no começo do mês, está prevista a implantação do Bolsa Verde, um auxílio trimestral de R$ 300 para as famílias que contribuam para a conservação ambiental no ambiente em que moram e trabalham. (Fonte: Akemi Nitahara/ Radiobrás)

terça-feira, 5 de julho de 2011

COMMITMENT TO CONSERVATION

Sorry once again in taking your time with my Amazonian issues, but looking at the questions about changes in the Brazilian environmental legislation I´m wondering where we're heading for now. Maybe tomorrow we are in a situation similar to Haiti at the base of "save yourself if you can," or “live as long as possible if you can”. Haiti has exhausted all its natural resources and now lives a hell on earth; will we get there one day? This discussion, in my opinion, is unfortunate, about decreasing or increasing protected areas, all this sounds like a question. Will we take more or less time to totally deplete our natural resources? Dear friends of the network, I think that the discussion should be better if we ask how much should we utilize the protected areas? We have one of the greatest biodiversities on planet, we can use the native forests of flooded, upland and riparian areas, all of them have higher value-added products than the current family farming systems are producing. There exist a bunch of examples but would be tiring to cite them all. There exits many sites including the MMA (Brazilian Federal Ministry of Environment www.mma.gov.br) and our www.amazonoil.com.br with these products, which today are considered as spices for not having a large-scale production.
I think that everybody who is joining this virtual community linked to chemical and cosmetic industries, product development, marketing, logistics, professional associations, should be committed to valorize these products that currently origins from the extraction systems, but tomorrow can be fully domesticated, generating income for the local communities and foreign exchange for the country. Conservation areas are fundamental for keeping our bank of plant germplasm, today we destroy what we don´t even know.

Resposta de Marcelo Brito Agropalma Pará

Prezado Luiz,

Concordo com a maioria das suas colocações, mas a questão esta longe de ser resolvida. Nos dois lados da discussão sobre o novo código florestal existem equívocos graves, suposições absurdas e a defesa de coisas que na realidade apenas interesses pessoais ou de grupos organizados explicam. A ciência foi quase sempre ignorada nesse processo. O erro já e fazer um código para ser nacional num pais continental, com biomas, situações, realidades e necessidades tão diferentes.

Não podemos continuar a atacar a agricultura desta forma, pois 98% de tudo que comemos vem deste setor, então, a criminalizacao não e saída para uma sociedade que ainda não esta preparada para se alimentar sinteticamente. O caminho então e organizar os setores através de discussões serias e produtivas, muitas mesas redondas tem dado mostras que isso e perfeitamente possível. Não existe agricultura sem manutenção de biodiversidade pelo simples fato que assim não teremos água no futuro, mas também, não existe sistematizado um mercado extrativista que realmente traga reais benefícios aos amazônicas, o que existe sao boas ações que esperamos se tornem realidade. O WSJ publicou um relato sobre a parceria da Aveda com os Iauanauas que mostra essa realidade e, exemplos como esse estão em todo lugar. 20 anos atuando na Amazônia me ensinaram que não existe solução única, uma bala de prata, que os caminhos terão que ser trilhados em conjunto pela sociedade. Ainda sou um otimista e prevejo dias melhores a frente. Precisamos acima de tudo lembrar que todos os brasileiros sao iguais e merecem compartilhar o que de melhor nosso pais pode dar. O setor de cosmético pode sim contribuir com soluções praticas pontuais, mas esta longe de representar uma mudança radical na situação amazônica.

Abraços,

Marcello Brito

Aproveitar Para Preservar

Desculpem de mais uma vez tomar vosso tempo com as minhas questões amazônicas, mas é que vendo as questões sobre as mudanças de legislação na lei ambiental brasileira me pergunto para onde estamos caminhando. Talvez amanhã estejamos em uma situação semelhante a do Haiti na base do “salve-se quem puder” ou viva o maior tempo possível se conseguir. O Haiti esgotou todos os seus recursos naturais e hoje vive um verdadeiro inferno na terra, será que um dia chegaremos lá? A discussão, em minha opinião, é lastimável, diminuir ou aumentar áreas de proteção soa como uma pergunta. Vamos levar mais ou menos tempo para exaurir totalmente nossos recursos naturais? Caros amigos da rede penso que a discussão seria melhor se questionassemos o quanto vamos aproveitar das áreas protegidas? Temos uma das maiores biodiversidades do planeta, podemos sim aproveitar mata nativa, de várzea, de terra firme, ciliar ou não que possuem produtos de valor agregado maior que os da agricultura familiar atual. Exemplos não me faltam porem ficaria enfadonho citá-los aqui. Existem muitos sites, inclusive do MMA, com estes produtos, que hoje são especiarias por não ter uma produção em larga escala.
Penso que nos que fazemos parte desta comunidade virtual ligada à indústria química e cosmética, empresários, formuladores, vendedores, marketing, logística, entidades de classe, devemos ter o compromisso de valorizar estes produtos que hoje provem do extrativismo, mas que podem amanhã estar plenamente domesticados e gerando renda e divisas para o país. Áreas de preservação são fundamentais para termos nossos bancos de germoplasmas, hoje nos destruímos o que nem conhecemos.