quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Por Luiz Morais
Nascido e criado na Amazônia, sempre estive ás voltas com questões florestais e de preservação.
Minha infância foi marcada pelos conhecimentos e ensinamentos de minha saudosa avó, que curava todos os males com produtos da floresta, tirava óleo de qualquer coisa, e quase sempre tinha resultados fantásticos.
Vejam a aplicação de uma mistura de óleos em um pé com escamação seca, não sei o que é, só sei que a aplicação da mistura levou a resultados surpreendentes em 4 dias, vejam as fotos. As escamações não coçam, não tem mau cheiro, o pé chega ferir, devido a escamação, ai dói. Se algum dermatologista quiser ajudar ou pesquisar a respeito é só entrar em contato comigo.

Pé esquerdo antes do tratamento

Pé esquerdo - com 4 aplicações (uma por dia)

Pé direito tratado - 20 aplicações (uma por dia)













Vejam que as fotos falam por si só, ai eu pergunto uma mistura de óleos amazônicos como a que foi aplicada tem este resultado por quê? Desenvolver produtos com amazônicos não madeireiros, não é só uma questão de geração de renda e preservação, mas também de humanidade, quantas pessoas não padecem com este tipo de problema.
Vendo noticias sobre a importância de pesquisas na Amazônia me pergunto o que fizemos nos últimos 100 anos em relação ao aproveitamento dos produtos florestais não madeireiros. Fora a borracha, castanha, copaíba e cumaru, o que mais extraímos da floresta que tenha papel importante na nossa economia? Produtos como copaíba e cumaru são utilizados no exterior, e sabemos superficialmente que são aplicados como aromatizadores, o que eu não acredito que seja só isso, penso que existe pesquisa que podem dar origem a produtos que vão de fármacos a produtos de química fina, e que são mantidos em segredo, o que acho justo, pois se não temos competência, seja ela técnica ou de   gestão, para fazer nossas próprias descobertas, não podemos exigir que os outros nos deem de "mão beijada" as suas. Eles já compram e pagam pelos produtos de forma legal, o que gera preservação na floresta.
Parece que foi ontem, 1982, que cheio de sonhos e encantos consegui passar no vestibular para Eng. Química na UFPa, vindo de escolas publicas, fui aprovado sem a necessidade de cotas, o que na época não existia, quem tinha competência se qualificava, nos pobres não tínhamos que passar atestado de burrice para entrar na universidade, como agora com esta historia de cotas, não fui exceção, quase todos os meus colegas de turma passaram também, não no mesmo ano que eu mas conseguiram também, mas isso é outra historia. O que meu preocupa hoje é que eu com 51 anos pouco fiz, criei o meu primeiro projeto de aproveitamento de não madeireiros em 1994, que se transformou na Brasmazon no estado do Amapá, hoje Beraca em Ananindeua no Pará, penso que foi uma das minhas pequenas vitórias, edificar um projeto, hoje vitorioso, tocado por um grande grupo econômico que ajuda a colocar produtos florestais não madeireiros no mercado internacional com grande repercussão positiva. O que temos de conhecimento tradicional, como os repassados pela minha avó, se perdem com grande velocidade, os jovens não veem nas profissões de  erveira ou bezendeira grande futuro, em um mundo que se comunica a velocidade de 3G ou 4G. Desta forma teremos que partir do zero, as observações que geram aplicações empíricas estão fadadas ao esquecimento.
Uma das grandes vitórias que consegui nestes 33 anos de atividades de pesquisa, foi lançar o óleo de pracaxi, que com certeza evitara que o espécime seja extinto, uma vez que era voz corrente na várzea e igapós que pracaxizeiro tira a "força do açaí" então bastava "anelar" o pracaxizeiro para que ele morra e vire lenha, o espécime foi totalmente dizimado na foz do rio Amazonas e arquipélago do Marajó, hoje existem poucas áreas onde há densidade elevada de indivíduos botânicos adultos produtivos, hoje já sou procurado para compra de sementes para mudas por vários viveiristas e até mesmo fazendeiros para recuperação de pastos, e prefeituras para arborização de vias. Os resultados das aplicabilidades do óleo de pracaxi são surpreendentes, recebo e-mails do mundo todo, querendo comprar e contando os resultados de sua utilização, no Brasil a Loreal aplica  nos cabelos, minha avó utilizava contra erisipela e marcas em mulheres "paridas" que hoje conhecemos como estria, queimaduras e "feridas brabas", e nossa indústria, farmacêutica e cosmética é lenta para tomar decisões no ramo de P&D, e as universidades com todas as suas dificuldades iniciam as suas investigações, porem longe da indústria,isso me preocupa. No ramo das oleaginosas, pouco ou quase nada se fez em função do grande volume de espécimes existentes, alguns únicos no planeta. A maioria dos trabalhos sobre oleaginosas, são de caracterização, de identificação e quantificação de insaponificáveis, são quase nada, as propriedades dos óleos aplicados na pele em função de sua composição graxa absolutamente nem um estudo conclusivo, a indústria que faz não publica, cria produto com outro nome para não valorizar o espécime. Fica mais fácil para a indústria vender o marketing de utilização de não madeireiros amazônicos, que na realidade são utilizados em doses homeopáticas, o que não gera preservação, esquecendo que o que esta em jogo e a manutenção desta imensa floresta, que tem papel fundamental na sobrevivência da raça humana.

Noticias Como Esta me Enchem de Esperança e Preocupação

Luiz Morais

Simpósio em Washington destaca importância de pesquisar a Amazônia

29 de outubro de 2014

Por Heitor Shimizu, de Washington
Agência FAPESP — A FAPESP realizou nesta terça-feira (28/10), em Washington, um simpósio que reuniu pesquisadores dos Estados Unidos e do Estado de São Paulo para apresentar resultados de estudos sobre a Amazônia, em diversas áreas do conhecimento.
O encontro “FAPESP-U.S. Collaborative Research on the Amazon" foi organizado em parceria com o Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos e com o Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars.
Realizado no auditório do Brazil Institute, o encontro reuniu mais de 120 pessoas, público formado principalmente por cientistas, especialistas em conservação da biodiversidade e jornalistas.
O discurso de abertura do simpósio foi proferido por Ernest Moniz, secretário de Energia dos Estados Unidos, para quem a Amazônia tem importância fundamental nas questões relacionadas às mudanças climáticas globais. Ele classificou também o momento atual de crítico e transformador para que se possa lidar com o desafio das mudanças climáticas.
“A Amazônia é um dos ecossistemas mais vitais do mundo, importante globalmente em muitas dimensões, uma delas a das mudanças climáticas, um dos maiores desafios de nosso planeta. Parte do pano de fundo, nesse contexto, é que, para o Brasil e para os Estados Unidos, os dois países continentais e maiores economias das Américas, os caminhos para a diminuição da emissão de dióxido de carbono têm sido diferentes. No Brasil, mais voltado aos desafios do gerenciamento da Amazônia e, nos Estados Unidos, a desenvolvimentos em oferta e demanda de energia, como na substituição de carvão por gás natural, e em medidas voltadas à eficiência energética, como veículos mais eficientes”, disse.
“Estamos em um período crítico e precisamos de um momento transformador para poder lidar com o desafio das mudanças climáticas globais. Não podemos ficar parados. Precisamos das melhores mentes, dos melhores cientistas, para compreender as mudanças que estão ocorrendo nas florestas tropicais e os efeitos que as mudanças no clima hoje e no futuro implicam globalmente nesses ecossistemas e como melhor preservá-los”, disse Moniz.
Entre as pesquisas apresentadas no simpósio estiveram trabalhos que integram a campanha científica Green Ocean Amazon (GoAmazon), um programa do DOE conduzido em parceria com a FAPESP e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Voltado a verificar como o processo de urbanização de regiões tropicais afeta os ecossistemas locais e o clima global, o GoAmazon reúne pesquisadores dos dois países, que coletam e analisam dados ambientais na região de Manaus, tanto na área metropolitana como na floresta, em um gigantesco laboratório a céu aberto. “Esperamos que a colaboração GoAmazon represente uma contribuição importante em meio às contínuas e vibrantes parcerias que fazem avançar nossas agendas e nossos desafios globais”, disse o secretaria de Energia norte-americano.
O simpósio foi aberto por Jane Harman, presidente do Wilson Center, que destacou o fato de o encontro ocorrer em virtude de “uma amizade de anos entre a FAPESP e o Brazil Institute”. Em seguida, Harman falou sobre as boas relações entre os dois países em ciência e tecnologia.
“A parceria entre os Estados Unidos e o Brasil direciona pesquisas em praticamente todos os assuntos, como energia, alimentos, segurança humana e como fazer crescer nossas economias ao mesmo tempo em que protegemos o único meio ambiente de que dispomos. Esses assuntos vão ao cerne da prosperidade nas Américas do Norte e do Sul. Segurança ambiental significa segurança nacional e tanto os Estados Unidos como o Brasil têm dado passos muito encorajadores nesse sentido”, disse Harman, que foi deputada pela Califórnia em nove mandatos consecutivos.
Celso Lafer, presidente da FAPESP, agradeceu ao Brazil Institute, dirigido pelo brasileiro Paulo Sotero, centro parceiro na organização dos simpósios FAPESP Week nos Estados Unidos — o próximo ocorrerá de 17 a 20 de novembro na Califórnia.
“Hoje estamos celebrando algo que consideramos muito especial: os resultados das pesquisas que apoiamos na FAPESP sobre a Amazônia”, disse Lafer. “Algumas das pesquisas que serão apresentadas derivam de nosso trabalho de apoio em conjunto com o DOE e com a Fapeam, uma parceria muito interessante que permite integrar interesses e esforços comuns nas áreas envolvidas.”
“Há tanto a diplomacia para a ciência como a ciência para a diplomacia e parte desses esforços que estamos mostrando está relacionada com a primeira. São pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos que compartilham valores comuns ligados aos méritos da investigação científica. Em um mundo cheio de tensões, isso é algo que faz desse tipo de esforço também um esforço relacionado à construção do conhecimento e da cooperação”, disse.
O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, falou sobre a ciência e tecnologia no Estado de São Paulo e o papel da FAPESP. Destacou as iniciativas da Fundação em aproximar pesquisadores de instituições paulistas com os de centros em outros países, especialmente por meio de acordos de cooperação e chamadas de propostas de pesquisas colaborativas.
“Temos um crescente portfólio de pesquisas sobre a Amazônia. É um assunto importante para nós, devido à importância da Região Amazônica para o Brasil e para o mundo, e é relevante no sentido que se liga a dois dos principais programas da FAPESP, que são o BIOTA [Programa FAPESP de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade] e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais”, disse.
“Aprovamos cerca de um projeto de auxílio à pesquisa e entre duas e três bolsas por semana de pesquisas sobre a Amazônia, nos mais diversos campos do conhecimento. Pode ser sobre a biodiversidade na Amazônia, microrganismos encontrados na região ou sobre a literatura no século 19 a respeito da Região Amazônica, por exemplo. A gama é muito ampla e muitas vezes encontramos conexões surpreendentes entre os temas estudados”, disse Brito Cruz.
Após a palestra de Brito Cruz, dirigentes da FAPESP e do Smithsonian Institution assinaram um acordo de cooperação em pesquisa por meio do qual apoiarão projetos de pesquisa conjuntos, intercâmbio de pesquisadores, seminários e eventos científicos.