segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Um Químico Caboclo - Como tudo começou


Sou um homem da floresta, nascido e criado nos subúrbios de Belém, filho, neto e bisneto do mais puro exemplo de caboclos pescadores da Amazônia, nas idas e vindas de minha avó materna da Cidade da Vigia, hoje Vigia de Nazaré, aprendi a utilizar ervas, óleos e resinas, geralmente adquiridos por ela de pajés e curandeiros da região, uma região com fortes tradições musicais e místicas.
Em Belém terminei meu curso técnico em construção civil e resolvi estudar química, até hoje uma das minhas paixões. Formei-me em Lic. Plena em Ciências com habilitação em Química, e depois em Engenharia Química.
Na academia, em 1982, no ano do meu ingresso na UFPA como acadêmico verifiquei que os conhecimentos gerados pela UFPA e demais universidades da Amazônia ficavam sem uma aplicação pratica, encantado pelas grandes quantidades de matérias primas inéditas para o mundo comecei a montar um banco de dados sobre estes produtos, viajei para vários municípios do Pará e Amapá atrás de matérias primas novas e acabei aprendendo muito com as historias da minha mãe, de outros parentes e com curandeiros e pajés, neste período, 1982 a 1984 era aluno de iniciação cientifica em projeto de utilização de óleo da castanha do Pará como combustível, este projeto era coordenado pelo Dr. Assunção, hoje aposentado.

Quando em 1990 já formado em Lic., passei em concurso para químico da Universidade Federal do Pará verifiquei que esta falta de aplicabilidade dos conhecimentos gerados tinha como principal motivo a interação entre a floresta e a industria. Tomei então uma decisão, pedi demissão da universidade e montei com um grande amigo, José Victório Sousa, um projeto que resultou na empresa Brasmazon, que começou em Macapá com mais um sócio, o Sr. Yamaguchi, isso em 1995, de lá pra cá, vendemos a Brasmazon para o Grupo Sabará, que passou a se chamar Beraca Brasmazon, hoje apenas Beraca, e então criamos a Engefar e a Amazon Velas que trabalha com a valorização da biomassa amazônica, e dos povos da floresta, povo este que eu admiro e respeito pois sou parte dele. Estamos lançando o mais completo site de produtos amazônicos não madeireiros www.amazonoil.com.br que tem como principal função, derrubar mitos, agregar valores a produtos da floresta, e mostrar que uma realidade melhor para a Amazônia é possível.
Estamos também lançando uma cartilha com o apoio da GTZ, www.gtz.de, para divulgar para o mundo todo, uma pequena parte do que a Amazônia tem e o que pode ser feito para aproveitar estas matérias primas. Quem quiser receber por e-mail é só acessar o site www.amazonoil.com.br e enviar um e-mail para contato.
Neste espaço falarei quais são os mitos e gargalos do mercado de não madeireiros e de que forma podemos ajudar na preservação da floresta com alternativas para os povos que nela vivem.

Um comentário:

Juvenal disse...

Estou on the road. Hoje em brasíliaa fotografando panorâmicas para a série "olhar aberto". Conversando com um dos coordenadores da WWF Brasil disse que um metro quatrado de amazonia tem valor inestimável.
A floresta em pé.
A diversidade botânica, biològica,étnica sugere ao mundo que a descubra e a tenha como parceira.

Ainda vou ficar na estrada uns dias e volto pra Sampa.
abs
Juvenal